Artistas locais podem se inscrever em prêmio de trajetória cultural pela Lei Aldir Blanc

A Secretaria de Cultura,
Esporte e Turismo, informa que estão abertas as inscrições para o terceiro
edital que é desenvolvido por associações pela Lei Aldir Blanc. O Prêmio
Trajetórias Culturais Mestra Sirley Amaro contemplará e reconhecerá as
fazedoras/es dos diversos segmentos culturais que transformam a vida com a sua
arte e cultura nas diferentes comunidades do Estado do Rio Grande do Sul. As
inscrições pelo site encerram no dia 9 de março.
O edital Trajetória Cultural
em Destaque vai distribuir 1.500 prêmios de 8 mil reais em diversos segmentos
culturais como audiovisual, artesanato, artes visuais, circo, culturas
populares, cultura viva, dança, diversidade linguística, livros, leitura e
literatura, música, teatro, memória e patrimônio e museus. O secretário de
Cultura, Esporte e Turismo, diz que é uma oportunidade de dar visibilidade aos
artistas locais e fomentar a economia devido a pandemia. "É um edital
simples, onde o artista deve contar a própria trajetória. Além disso, sabemos
que a situação ainda é difícil devido a pandemia do novo coronavírus, e o
premio vai ajudar a manter o trabalho dos artistas através do edital",
explica.
O Instituto Trocando Ideia,
que desenvolve o edital, vai realizar nesta terça-feira (2), às 19h uma LIVE
para esclarecer dúvidas sobre o edital. O instituto visa fortalecer a
consciência e o exercício da cidadania, disseminando uma nova visão, baseada na
colaboração e no conhecimento compartilhado.
A
homenageada do edital
Conforme o site do prêmio, a
Mestra Sirley Amaro, ou a Dona Sirley, como era mais conhecida, nasceu em
Pelotas em 12 de janeiro de 1936, descendente de escravizados, carnavalesca e
costureira de profissão. Foi educadora ao descobrir a arte de contar histórias,
por meio das próprias histórias e dos seus antepassados, na reconstituição dos
saberes aprendidos nas vivências cotidianas. Contava histórias dos bailes de
carnaval, das costuras, das antigas charqueadas em Pelotas.
Em 2007, recebeu o título de
Griô de Tradição Oral por meio da Ação Griô Nacional, do Programa Cultura Viva
(Ministério da Cultura). As contações de histórias eram compostas por diversos
elementos: a música, a dança, o estandarte, as fotografias, os cartões, as
bonecas e os fuxicos produzidos por ela. Eram elementos articuladores nas suas
experiências e reflexões para as narrativas da "Vivência griô" que se
apoiam na cultura africana e fundamentam a resistência das contações de
história na oralidade e nas formas de visibilizar saberes de uma tradição
histórica e oral.
Nas suas narrativas a Mestra
trazia as formas de resistências, lutas, reivindicações de direitos e a
discriminação de gênero, raça e classe com histórias do seu cotidiano desde
menina, passando pela mocidade e a vida de casada. Dona Sirley envolvia seus convidados
na contação, convidando-os a encenar algumas histórias. Ela também não cantava
sozinha e nessa interação com a griô os ouvintes vivenciavam e sentiam as
histórias. Alegrias, tristezas, combinações, sentimentos ganhavam vida através
das contações, da dança e do canto entre a Mestra e a relação que se
estabelecia com os ouvintes.
Sirley Amaro por onde passou
cativou muitas pessoas com suas histórias, músicas, versos e brincadeiras. Foi
a memória viva da história do povo negro de Pelotas.
Texto e Foto: Ascom