Dia Mundial do Rádio foi celebrado neste sábado

Ondas eletromagnéticas ajudam
na garantia de direitos e da democracia
Em todo país, circulam ondas
eletromagnéticas que transmitem informações importantes para a garantia de
direitos e para a democracia. Tais ondas são decodificadas por pequenas caixas
que podem funcionar apenas com pilhas. De tão relevantes, essas caixas têm, a
elas, um dia que foi mundialmente reconhecido pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): o Dia Mundial do Rádio,
comemorado neste sábado, 13 de fevereiro.
O potencial comunicativo do
rádio já foi comprovado em vários momentos ao longo da história. Em um deles,
ocorrido em outubro de 1938, milhares de norte-americanos entraram em pânico ao
ouvirem, na rádio CBS, o ator Orson Welles alertando sobre uma suposta invasão
de marcianos.
Tratava-se apenas de um
programa de teleteatro, uma versão radiofônica do livro A Guerra dos Mundos, de
H.G Wells. Ao se dar conta do alvoroço entre a população, a emissora teve de
interromper o programa para esclarecer o fato aos ouvintes que não haviam
acompanhado a parte inicial da transmissão.
O
mais democrático.
“O rádio é, sem dúvida, o mais
democrático de todos os meios de comunicação. Para desfrutar dele, não há
necessidade de pagar internet, nem de ter energia elétrica. Basta ter pilha ou
uma bateria”, argumenta o jornalista Valter Lima, âncora, desde 1986, de um dos
programas radiofônicos mais longevos do Brasil: o Revista Brasil, da Rádio
Nacional, veículo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
O aspecto democrático que compõe
a essência do rádio é também corroborado pela Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que instituiu a data de hoje,
13 de fevereiro, como o Dia Mundial do Rádio.
“A estratégia da Unesco é a de
fortalecer o rádio, que é o veículo mais essencial, principalmente nos muitos
países onde, seja por conflitos, catástrofes ou por falta de estrutura, não há
internet nem energia elétrica acessível para a população. Nesses casos é o
rádio que consegue localizar e salvar vidas, justamente por conta da
possibilidade de depender apenas de pilha para ser usado”, disse à Agência
Brasil o coordenador de comunicação e informação da Unesco no Brasil, Adauto
Cândido Soares.
Violência
contra radialistas
Adauto Soares acrescenta que o
interesse da Unesco em trabalhar neste campo da comunicação está relacionado à
visão de que o acesso à informação é parte integrante do direito à comunicação.
“Até porque, sabemos, quando um país tem sua democracia atacada, é o direito à
comunicação o primeiro a ser silenciado. ”
Segundo o coordenador da
Unesco, que desenvolve também um trabalho de denúncia de violações de direitos
humanos contra jornalistas, os radialistas são as maiores vítimas desse e de
outros tipos de violação.
“De um total de 56 jornalistas
assassinados em todo o mundo em 2019, 34% atuavam no rádio; 25% em TV; 21% em
mídia online; 13% em mídia impressa e 7% em plataformas mistas. Desse total,
três mortes ocorreram no Brasil”, disse, citando números do levantamento
Protect Journalists, Protect the Truth, publicado pela Unesco em 2020.
Novas
tecnologias
A criatividade é uma das
características que sempre acompanharam o rádio. Com a chegada de novas
tecnologias, em especial, as ligadas à tecnologia da informação, o rádio
manteve seu aspecto inovador e continua a se reinventar.
Presidente da Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Flávio Lara Resende
lembra que muito se falou sobre a morte do rádio, com a chegada da TV. “Foi
quando o rádio perdeu espaço. Mas não perdeu importância”, disse.
“Se perdeu alguma importância
após a chegada da TV, depois voltou a ganhar [importância] quando apareceram
novas plataformas, e ele se reinventou, apresentando programações segmentadas,
canais específicos de jornalismo herdados, influenciados e influenciadores da
TV”, disse o presidente da Abert.
“Hoje, com a internet, ouve-se
a notícia radiofônica e vê-se os jornalistas que fazem a notícia. O rádio
continua a ter grande importância e está aumentando cada vez mais, reinventando-se
diariamente”, acrescentou.
Diante da necessidade de se
reinventar constantemente, a Rádio Nacional lançou recentemente (no dia 10 de
fevereiro, em meio às celebrações pelo Dia Mundial do Rádio) seu perfil na
plataforma Spotify no qual o público pode ouvir – onde e quando quiser – “o
melhor da música brasileira”. Para acessar o serviço, basta acessar as
playlists “É Nacional no Spotify”.
De acordo com o Ministério das
Comunicações há, no Brasil, cerca de 5,1 mil rádios comerciais (3.499 na banda
FM; e 1325 nas bandas AM, entre ondas médias, curtas e tropicais). Há, ainda,
cerca de 700 rádios educativas; 458 rádios públicas; e 4.634 rádios
comunitárias.
Na pesquisa Inside Radio, na
qual são apresentados aspectos relativos a comportamento e hábitos de ouvintes
de rádio, a Kantar Ibope Media constatou que o rádio é ouvido por 78% da
população nas 13 regiões metropolitanas pesquisadas. Além disso, três a cada
cinco ouvintes escutam rádio todos os dias. E, em média, cada ouvinte passa
cerca de 4h41m por dia ouvindo rádio.
O levantamento avalia também
questões relativas à adaptação do rádio à web, bem como novas formas de consumo
de áudio, como podcasts e conteúdo on demand.
De acordo com a pesquisa, 81%
dos ouvintes escutam rádio por meio de rádio comum; 23% pelo celular; 3% pelo
computador; e 4% por meio de outros equipamentos, como tablets.
O crescimento que vem sendo
observado na audiência via web demonstra, segundo a Kantar, “a grande
capacidade de adaptação do rádio”. Segundo a pesquisa, 9% da população que vive
nas 13 regiões metropolitanas pesquisadas ouviram rádio web nos últimos dias. O
percentual é 38% maior do que o registrado no mesmo período de 2019.
Em um ano (entre 2019 e 2020),
o tempo médio diário dedicado ao rádio via web aumentou em 15 minutos, passando
de 2h40 para 2h55, diz a pesquisa. Além disso, 16% dos ouvintes pesquisados
escutam rádio enquanto acessam a internet.
Os podcasts também têm ganhado
popularidade. Entre os ouvintes de rádio que acessaram a internet durante a
pandemia, 24% ouviram podcasts; 10% aumentaram o uso de podcasts; e 7% ouviram
um podcast pela primeira vez.
As chamadas lives também
registraram aumento de audiência durante a pandemia, com 75% dos entrevistados
dizendo ter começado a assistir lives de shows a partir do início das medidas
de isolamento social impostas pela pandemia de covid-19. Ainda segundo o
levantamento da Kantar, 75% dos ouvintes de rádio disseram ouvir rádio
"com a mesma intensidade, ou até mais", após as medidas e 17%
disseram ouvir "muito mais" rádio após o isolamento.
Publicado em 13/02/2021 -
09:00 Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil - Brasília