Presidente da República foi chamado de 'genocida' e 'fascista' por parlamentares opositores. Aliados gritaram 'mito'. 'Nos encontramos em 22', respondeu Bolsonaro.

Com as presenças dos presidentes da República, Jair Bolsonaro; do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux; da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o Congresso Nacional realizou na tarde desta quarta-feira (3) uma sessão solene para marcar a abertura das atividades legislativas em 2021 após um mês e meio de recesso. A sessão foi conduzida por Pacheco, que preside o Congresso.
O primeiro a discursar foi o
presidente Jair Bolsonaro. Antes, parlamentares de oposição gritaram contra ele
palavras de ordem, como "genocida" e "fascista".
Aliados do presidente da
República o chamaram de "mito". "Nos encontramos em 22",
respondeu Bolsonaro.
Da cadeira da presidência, ao
lado do presidente da República, Rodrigo Pacheco pediu ao plenário que desse
uma oportunidade à "pacificação".
No discurso, Bolsonaro listou
o que apontou como "realizações" do governo federal e disse que o
governo garantirá dinheiro para a vacinação contra a Covid-19.
"O governo federal se
encontra preparado e estruturado em termos financeiros, organizacionais e
logísticos para executar o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação
contra a Covid-19. Com isso, seguimos envidando todos os esforços para o
retorno à normalidade na vida dos brasileiros", afirmou.
Segundo ele, a crise sanitária
mundial provocada pelo coronavírus impactou "fortemente" todos os
poderes.
"Com incertezas de todas
ordens, o governo adotou duas premissas: salvar vidas e proteger empregos. Todo
o governo federal foi mobilizado para atuação coordenada e integrada e efetiva.
Todos os órgãos passaram a direcionar esforços no combate ao vírus e à proteção
de pessoas. Essas ações contaram com a colaboração dos senhores
parlamentares", afirmou.
Em seu pronunciamento, Luiz
Fux destacou a harmonia entre os poderes:
"O Poder Judiciário
brasileiro atuará sempre em harmonia com os poderes Executivo e Legislativo. É
dizer: sem se olvidar do espaço de independência conferido a cada um dos braços
do Estado, devemos construir soluções dialógicas para o fortalecimento da
democracia constitucional e para o desenvolvimento nacional", disse.
O presidente do Supremo também
lamentou as mortes provocadas pela pandemia, que classificou como o momento
mais trágico da humanidade desde a Segunda Guerra Mundial.
“A pandemia da Covid-19
revelou a finitude humana e descortinou novos desafios para os cidadãos e para
as nossas instituições”, afirmou. Fux destacou que, mesmo nesse cenário, os
poderes Legislativo, Judiciário e Executivo “reinventaram-se para continuar a
exercer suas missões em prol dos cidadãos de forma ininterrupta e adaptada ao
novo normal”.
Arthur Lira também falou em
harmonia entre os poderes e disse que o momento é de superação de antagonismos.
"Como presidente da
Câmara dos Deputados, comprometo-me a não medir esforços para que tal harmonia
se traduza numa pauta comum em prol de toda a sociedade. A hora é de superarmos
antagonismos, deixarmos para trás eventuais mágoas e mal-entendidos e unirmos
forças para que saiamos maiores desta crise, para que o povo brasileiro
sinta-se bem representado por cada um de nós, sinta-se protegido e atendido nas
suas necessidades prementes", afirmou.
Sem fazer menção direta ao
antecessor, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que teve atritos com Bolsonaro, Arthur Lira
defendeu que, nos próximos dois anos, os parlamentares possam
"romper" a "própria paralisia interna provocada por problemas
políticos passageiros que a História sequer irá registrar".
No discurso que proferiu,
Rodrigo Pacheco pediu "conciliação", "moderação" e
"racionalidade".
"Aprendi a fazer política
em Minas Gerais, e a política mineira sempre foi de pacificação, de busca de
união e de unidade, de respeito, de conciliação, de moderação, de equilíbrio e
de muita racionalidade.A política não deve ser movida por arroubos do momento
ou por radicalismos. Devemos superar os extremismos, que vemos surgirem de
tempos em tempos, de um ou de outro lado, como se a vida tivesse um sentido só,
uma mão única, uma única vertente", declarou.
Pacheco disse que está
discutindo com os parlamentares e a equipe econômica do governo um meio de
permitir a prorrogação do auxílio emergencial sem afetar a busca por equilíbrio
fiscal.
"Por essa razão, estamos
estabelecendo, junto ao nosso Colégio de Líderes e à equipe econômica do
Governo Federal, um caminho para compatibilizar o auxílio governamental aos
mais carentes – que ainda é absolutamente necessário neste momento – com os
princípios que norteiam a responsabilidade fiscal", disse.
Por
Fernanda Calgaro, Luiz Felipe Barbiéri, Gustavo Garcia, Elisa Clavery e Sara Resende,
G1 e TV Globo — Brasília
03/02/2021
16h11 Atualizado há 21 minutos